HACER TEATRO HOY. BRASIL
CONJUNTOS ANALÓGICOS E CONJUNTOS COMPLEMENTARES
Uma Teoria para o Teatro Subjuntivo
Augusto Boal
A Natureza jamais produz dois
seres idênticos: nem dois grãos de areia, nem os fios
da minha barba, nem gêmeos univitelinos, nem impressões
digitais, nem árvores da floresta, nem galhos e folhas, nem
as estrias dessas folhas... nada é absolutamente idêntico
a nada. Todas as coisas inanimadas e todos os seres vivos são
sempre únicos, irrepetíveis, mesmo se clonados.
Para seres semoventes, humanos
ou animais, com um mínimo de vida psíquica, seria
impossível viver dentro dessa infinita diversidade se não
pudessem organizar a sua percepção do mundo e simplificá-la.
Ficaríamos paralisados
se tivéssemos que ver e ter consciência de tudo que
olhamos; escutar e ter consciência de tudo que ouvimos; tocar
e ter consciência de tudo que sentimos, cheiramos e gustamos
-tal o acúmulo catastrófico e torrencial das informações
recebidas.
Felizmente, a Natureza permite
a criação de aparências simples das realidades
complexas, através da construção de Conjuntos
Analógicos e Conjuntos Complementares. Embora simplificações
excluam complexidades, outro jeito não há.
Nenhum peixe é absolutamente
igual a outro peixe, mas os peixes se assemelham: eis o cardume.
Nenhuma rosa é igual à outra rosa, mas as rosas se
parecem, vermelhas, brancas ou amarelas: eis o roseiral. Nenhuma
cor é homogênea em toda a extensão do objeto
colorido, mas pode-se abstrair as diferenças que, ao microscópio,
existem, claras e profundas.
Um astronauta disse que a Terra é azul; nós dizemos
que a noite é negra, a floresta verde, e plúmbeo o
céu de chuva... Sabemos que não é bem assim.
Por analogia, podemos perceber e formar Conjuntos Homogêneos
que englobam elementos semelhantes, mas não iguais -unicidades-
em um todo maior, como o coro de um balé, o coral de uma
ópera, um batalhão de soldados ou a farinha de um
mesmo saco.
Podemos perceber, também, Conjuntos Heterogêneos,
feitos de elementos complementares. Não existem dois rios
iguais em seu percurso, mas em todos corre água, no caudaloso
Amazonas ou no riacho do Ipiranga; suas margens são diferentes,
mas todas oprimem a água que neles corre; as pedras, no leito
do rio, são desiguais no peso e na forma, mas parecidas,
mesmo quando feitas de matérias diferentes, orgânicas
ou minerais.
Margens, águas, pedras, plantas, flores e peixes formam
um aglomerado de coisas inanimadas e de seres vivos, heterogêneos,
mas que podem ser percebidos como Conjunto: podemos ver este rio
sem nos determos em cada um dos elementos únicos que o compõem.
Podemos nomear como rio todos os outros Conjuntos que podem ser
percebidos como semelhantes a este. Todos os rios têm a identidade
dos rios e sabemos de qual acidente geográfico estamos falando
quando falamos do Nilo ou do Arroyo de la Sierra (1)
de José Marti.
Podemos perceber a floresta como um Conjunto de árvores
semelhantes, mesmo sabendo que não são iguais; ver
o rebanho como Conjunto de animais da mesma espécie, mesmo
tendo cada um o seu feitio, seu focinho e sua fome; podemos ver
a multidão como um Conjunto de seres humanos -embora nenhum
deles seja igual a nenhum de nós.
Dessa forma, simplificando a Natureza, podemos viver sem sobressaltos:
unicidades podem ser sistematizadas em Conjuntos Analógicos
de seres e coisas semelhantes, ou em Conjuntos Complementares de
coisas e seres dessemelhantes. Nessa simplificação,
perde-se a riqueza das diferenças e das identidades únicas
que, por infinita, é inacessível.
Essa simplificação, obra do nosso imaginário
e não da Natureza que nos ignora, funciona como couraça
que não nos permite o acesso ao real (2).
Para que nos possamos comunicar, esses Conjuntos devem ser nomeados:
nomeamos montanha todas as protuberâncias da terra que beijam
o céu, mesmo sabendo que nenhuma montanha é igual
à outra montanha, nenhuma nuvem igual à outra nuvem,
nenhum sonho igual ao meu. Nomeamos mar -mar de gente entusiasmada
pela Cerimônia da Posse, mar de flores ao vento, mar de ondas
raivosas- todas aglomerações onduladas de água,
girassóis ou gente.
Nomear significa tentativa de imobilizar. O Nome é a fixação,
no tempo e no espaço, do que é fluido, do que não
pode parar nem ser parado, nem no espaço, nem no tempo.
Tudo é trânsito, mesmo eu, quando me nomeiam Augusto
Boal. Qual? Sou quem era antes de escrever esta última linha
ou aquele que ainda não escreveu a próxima?
Sou um rio de Crátilo (3):
em mim, correm águas que não corriam e só agora
correm; outras correram e jamais voltarão rio acima: esconderam-se
no mar, sem olhar para trás.
Ninguém pode me ver duas vezes como sou, em cada instante
fugaz da minha vida, como fugazes são os instantes e a vida.
Jamais serei o mesmo a cada segundo que me foge. Aqueles que me
vêem agora, jamais serão iguais a si mesmos em dois
segundos sucessivos da trajetória dos seus caminhos.
Não sou: estou sendo, caminhante, sou devir. Não
estou: vim e vou. Temo: para onde? Escolho, se posso; sigo, se obrigado!
As palavras -os Nomes- são indispensáveis para que
seja possível a troca, o diálogo, porém são
significantes redutores de significados: designam Conjuntos mas
ignoram as unicidades, que são a única realidade objetiva.
Os negros e os brancos, os homens e as mulheres, o proletariado
e o campesinato... nada disso existe. São, mas não
existem. Existe este negro e aquela mulher, este branco e aquele
homem, esta camponesa e aquele operário e, mesmo assim, em
trânsito, em devir, em tornar-se, em vir a ser e em deixar
de ser.
As palavras, quando pronunciadas pelo emissor, são significantes
com significados ricos das experiências desse emissor, das
suas memórias e imaginações; no trânsito,
esses significantes mudam seus significados, como caminhão
que, de uma cidade a outra, troca sua carga: ao chegar ao receptor,
as palavras estarão carregadas das experiências deste
e não daquele (4).
Palavras são vazios que preenchem o vazio que existe entre
um ser humano e outro.
Para que cheguemos ao Uno, alguma outra mediação
se torna necessária para evitarmos as imprecisões
de darmos o mesmo nome, boi, a todos os bois da boiada, pois esse
gado é feito de unicidades bovinas irrepetíveis, não
de massa açougueira. Cada boi tem a sua personalidade própria:
é Uno. A boiada é uma sinergia.
Palavras são obra e instrumento da razão: temos
que transcendê-las e buscar formas de comunicação
que não sejam apenas racionais, mas também sensoriais
-comunicações estéticas. Atenção:
esta transcendência estética da Razão é
a razão do teatro e de todas as artes.
Não podemos divorciar razão e sentimento, idéia
e forma. São sólidos casais, mesmo quando às
cabeçadas e turras.
O Artista é aquele que, como qualquer de nós, é
capaz de ver Conjuntos onde analogias ou complementaridades unificam
desiguais; por isso, pode viver em sociedade. Porém, ao não
se deter diante da visão conjuntiva que usamos para perceber
a realidade, através dos Conjuntos Analógicos ou Complementares,
ou para nos comunicarmos verbalmente, através das palavras,
o Artista avança, penetra no real e revela, em seu fazer
e na Obra feita, percepções e aspectos únicos
dessa realidade encouraçada: percebe e revela unicidades
escondidas pela simplificação da linguagem que as
nomeia e pelos sentidos que as agrupam, sem percebê-las. O
Artista penetra na unicidade do ser (5),
como se buscasse o seu complemento ou a sua Identidade na Alteridade:
o Uno busca o Uno, busca a si mesmo no Outro (6).
Essa dinâmica percepção não se congela
nunca, nem se imobiliza, mas se intensifica ou diminui de intensidade,
sempre. Tanto a percepção do artista ao perceber a
Coisa, como a do espectador ao fruí-la, ou a do amante ao
amar. Amores se conquistam e se perdem, ao sabor da vida... e do
domínio que, sobre ela, possamos alcançar. Como a
Arte, que não é nunca a mesma.
Embora apenas algumas pessoas sejam nomeadas com o adjetivo de
Artistas, todo ser humano é, substantivamente, artista. Todos
possuímos, em maior ou menor grau, a capacidade de penetrar
em unicidades, fazendo arte ou amor. Somos capazes de encontrar
o Uno.
Arte é amor. A pessoa amada é o Ser Único,
descoberto pelo amante e só por ele: amando, nós a
vemos e sentimos como insubstituível, irreproduzível.
O amor é uma experiência estética, é
obra do imaginário: amar é Arte, e arte é Amor.
Estes dois processos -amar e perceber esteticamente a unicidade
de outro Ser- vivo ou Coisa -são absolutamente idênticos.
Mais: são a mesma coisa (7).
Sendo idênticos, no Amor como na Arte, a nossa percepção
do Outro ou da Coisa não se congela nem se imobiliza: o Amor
é fluxo de corrente alternada -como pode ser a eletricidade
e são as marés, porém sem a garantia dos ritmos
constantes- nunca igual a si mesmo, sempre ao sabor de constante
variação.
É verdade que existem amores eternos e obras de arte perenes,
mas nem a pessoa amada nem a obra admirada, são admirada
e amada com a mesma intensidade constante. No amor e na arte, a
única constante é a inconstância.
O amor não oferece nenhuma garantia de estabilidade, como
sabemos e temos provado. Da mesma forma que devemos cultivar a Arte
com amor, o cultivo do Amor é uma arte.
Para encontrar o acesso a essas realidades últimas e únicas,
existem os artistas, cujas atividades estéticas -isto é,
sensoriais- surpreendem as unicidades e permitem conhecer a verdadeira
realidade, única. Na Arte, como processo, e na Obra de Arte,
como coisa acabada, o ser humano entra em contato com o real.
Neste sentido, a Arte é uma forma especial de conhecimento,
não científica, subjetiva, sensorial; não é
melhor que outras, mas é única. O artista, no exercício
da sua Arte, viaja além das aparências do real e penetra
nas unicidades escondidas pelos Conjuntos (8);
na Obra de Arte, sintetiza sua viagem ao âmago do real e cria
um novo Conjunto, a Obra, que revela o Uno descoberto nesse mergulho
-este, por analogia, nos remete a nós mesmos.
Quando escuto os primeiros severos acordes da Quinta Sinfonia
de Beethoven, a trêmula ária Voi que sapete, do Querubim
morzateano, ou a triste Donna traviata verdiana, em cada caso são
acordes únicos que escuto, na anárquica infinitude
dos sons e ruídos que explodem à minha volta. Alguma
coisa única, escondida em algum único lugar de mim,
desperta e vibra, e me faz vibrar, como um todo, como ser humano
-isto é a Arte.
Vibramos como artistas ouvindo acordes únicos, estruturados
de maneira única. Através da unicidade chega-se, por
analogia, a um novo Conjunto imaginário -o daquelas pessoas
que alguma identidade, não racional mas racionalizável,
sentem com tais acordes, com o sorriso da Gioconda ou com a Vênus
que, necessariamente, não pode ter braços. O eu se
transforma em nós. Em nós, descobrimos a descoberta,
aquela que fez o artista. Quando somos capazes de dizer Nós,
descobrimos o nosso verdadeiro Eu.
Metaforicamente, sou sons e formas, sons e cores, sou Wagner e
Velasquez... mesmo se jamais cantei como Valquíria, mesmo
se jamais pintei bêbedos ou meninas.
A Arte re-descobre e re-inventa a realidade a partir de uma perspectiva
singular: a do artista, que é único, como é
única a sua relação com o real e o seu caminho
de ver, do qual nasce a Obra de Arte. A realidade, tal como é
vista pelo artista, só pode ser observada a partir da sua
Obra, também única. (9)
O cientista faz o mesmo, porém de uma perspectiva anônima
que pertence a todos, e não depende da individualidade do
solitário cientista. O Teorema de Pitágoras revela
que, em um triângulo retângulo, o quadrado da hipotenusa
é sempre igual à soma dos quadrados dos catetos, e
isso acontece em qualquer país, a qualquer hora do dia ou
da noite, seja lá quem for o desenhista do triângulo.
Newton jurou que a matéria atrai a matéria na razão
direta das massas e inversa do quadrado das distâncias e isso
é verdade em qualquer estação do ano, chova
ou faça sol.
A Ciência é uma Arte, mas Arte não é
Ciência. A Arte não dá conta de toda a realidade
verdadeira, mas é uma verdadeira realidade.
Na Educação Estética do Oprimido quando,
em cada indivíduo, são ativados os neurônios
da percepção sensorial -células do sistema
nervoso-, esses neurônios não ficam lotados de barriga
cheia, como bytes de um computador, armazenando informações.
Eles não se esgotam nem se repletam -o saber não ocupa
espaço, diz a sabedoria popular! Ao contrário dos
bytes, os neurônios estimulados se tornam cada vez mais capazes
de receber e transmitir mais mensagens simultâneas, enriquecendo
suas funções e estimulando neurônios vizinhos
para que entrem em ação.
As sinapses são os pontos de encontro entre os neuritos
-prolongações, como se fossem braços suaves
que se abraçam entre si, e que outras células também
abraçam- de um neurônio com o xxx outro neurônio,
através de uma prolongação chamada Axônio,
ou com outras células. Sinapses são superfícies
por onde circula a informação -a imagem, o som, a
palavra, o prazer e a dor, a lembrança...- através
de processos químicos e/ou estímulos elétricos,
ou por um que se transforma noutro. As sinapses se multiplicam e
se diversificam, na medida em que são estimuladas (10).
Quanto mais conhecemos, mais cresce nossa capacidade de conhecer.
Quanto mais me ponho a pintar, mais invento como usar pincéis,
como se fosse pintor. Quanto mais me ponho a cantar, mais conheço
a extensão da minha voz, como se fosse cantor. Quanto mais
fizer dançar minhas palavras, mais aprendo a amá-las,
como poeta. Fazendo, serei pintor, poeta e cantor. Sou.
O saber, o conhecer e o experimentar expandem a minha capacidade
de conhecer, saber e aprender. Expandem além da minha busca
e me fazem encontrar o que nem sequer procuro. -"Não
busco: encontro!"- disse Picasso. Nós também,
se nos dedicarmos a ver o que olhamos, ouvir o que escutamos, sentir
o que tocamos, escrever o que pensamos.
A percepção do mundo exterior se dá em três
níveis, sendo o primeiro o da mera Informação:
a luz que se reflete sobre os objetos à minha frente, ferem
a minha retina que transfere essa energia luminosa para o nervo
ótico que circula essa informação eletroquímica
para aquela região do cérebro que me fará ver
os objetos que tenho à minha frente. Recebo a mensagem. Essa
informação, no entanto, que entra no meu cérebro
através de circuitos neurais, não fica arquivada,
parada, depositada em algum lugar do meu cérebro mas, pelo
contrário, ativa se se interrelaciona com circuitos semelhantes
e vizinhos, e essas estruturas são o Conhecimento -segundo
nível da informação. Nestes dois primeiros
níveis, o ser humano e os animais, em certa medida se igualam.
Se vejo a minha frente um tigre, o nervo ótico registrará
a sua presença ameaçadora, o nervo auditivo seu rugido
-recebo a informação. Porém, se parasse aí
o processo psíquico, eu certamente -ou qualquer outro animal-
seria engolido pelo tigre. Como se entrelaçam muitos circuitos
de informação, eles me dizem ser o tigre perigoso,
ser suas intenções brutais, ser possível correr
assustado e me refugiar dentro de uma casa, ser possível
escolher o caminho da fuga -tenho alguma chance de me salvar. Eu
ou qualquer coelho, cabrito ou bezerro, partilhamos estas duas primeiras
formas de percepção e reação: salve-se
quem puder!
Já o terceiro nível, a Consciência, é
exclusivo do ser humano: ela consiste em dar um sentido a todas
essas informações estruturadas. O terceiro nível
é moral e ético: ele projeta o ser humano em suas
ações no futuro e não apenas em suas reações
no presente.
No trabalho com os adolescentes, mais do que em qualquer outro,
é importante ampliar e amplificar todos os níveis
da percepção para que as escolhas sejam feitas com
consciência -com ciência das possibilidades que existem
em cada situação dada!
Se os jovens de um educandário judicial têm o tempo
livre, não podem ser confinados inativos, sob pena de serem
embalsamados em vida. Seus neurônios devem ser estimulados
e não postos a dormir. Neurônios não podem ser
encarcerados nas jaulas da inatividade.
Não pode existir, nesse infernal Nirvana que são
as prisões e os educandários judiciais, a hedionda
Pena de Imobilismo, ausente do Código Penal e do Estatuto
da Criança e do Adolescente.
A vida humana implica em atividades incessantes, mesmo durante
o sono: nenhum de nós pode parar de respirar, nem pode o
nosso coração cessar suas batidas. O sangue circula
em nosso corpo, dia e noite, sem descanso; se, pela doença,
em alguma artéria ou veia deixa de circular, sobrevém
a necrosante gangrena.
Da mesma forma não podemos parar de sentir e de pensar,
mesmo no sono mais fundo: a gangrena espreita! Sonhamos e os sonhos
nos lembram que estamos vivos, mesmo dormidos!
Essas atividades sensoriais e psíquicas exigem o relacionamento
com o mundo exterior. Se o jovem em conflito com a lei, diante de
si nada mais vê do que uma parede branca manchada de sangue,
terá as sensações de uma parede dessa cor,
de antigo sangue manchada. Se nenhuma atividade ou idéia
inteligente lhe é oferecida, estará condenado ao rodamoinho
das idéias obsedantes e obcecantes que circulam em suas cabeças
e à sua volta.
A Educação Estética que propomos, no quadro
do Teatro do Oprimido, sobretudo na nossa atual experiência
com o DEGASE (11), é
essencial, na medida em que produz uma nova forma de ver a realidade
emocional, sensitiva e intelectual daqueles que, nesse processo,
se engajam.
Esta é a forma mais natural de aprendizado e a mais arcaica,
pois que a criança aprende a viver através do teatro,
brincando, interpretando personagens. Os Jogos Teatrais sintetizam
as antitéticas Disciplina e Liberdade -todo jogo tem regras
claras que devem ser obedecidas; mas, mesmo obedecendo regras, a
invenção é livre, a criação necessária,
e a inteligência pode e deve ser exercida.
Todo jogo é um aprendizado de Vida; todo jogo teatral,
um aprendizado de Vida Social. Os Jogos do Teatro do Oprimido são
um aprendizado de Cidadania.
Sem Disciplina, não existe Vida Social. Sem liberdade,
não existe Vida.
Como disse um camponês do MST: -"O Teatro do Oprimido
é maravilhoso porque permite que a gente aprenda tudo aquilo
que já sabia!"
Aprende, esteticamente -amplia o conhecer e lança o conhecedor
em busca de novos conheceres.
Aprendemos a aprender!
Os jovens em conflito com a lei, na sua grande maioria, fizeram
parte, ou foram usados, ainda que de uma forma subordinada e sem
nenhum poder de decisão, de um ou de outro Comando do tráfico
de drogas e, em alguns casos, continuam essas pertenças no
confinamento, separados em espaços prisionais. Temos que
compreender que esses jovens viveram em falsa liberdade dentro do
duramente estruturado mundo moral imperativo do tráfico que
já cerceava suas possibilidades de escolha e determinava
o seu futuro.
Sua percepção do mundo e dos valores desse mundo
era intransitiva e inquestionável: tudo era assim e assim
tinha que ser. Walkie-talkie sem over, sem câmbio: mão
única! O jovem recebia mensagens e informações,
recebia ordens peremptórias e tinha que obedecer -tinha que
aceitar a vida como ela é: aquela que o tráfico queria
que fosse. Exatamente o contrário do que propõe o
Teatro do Oprimido, que propõe o conhecimento e a escolha.
No educandário, presídio, reformatório, ou
seja qual for seu nome de batismo, essa visão do mundo apenas
se confirma: na maioria dos casos, aí o jovem encontra a
mesma violência, o mesmo autoritarismo, a mesma imperatividade:
abaixa a cabeça e leva pancada (12).
No entanto, a função dessas instituições
deveria ser o contrário; sua vocação é
a escola, o ensino, o aprendizado. O jovem recebeu uma Pena Judicial:
foi condenado ao cerceamento da sua liberdade no espaço.
Aqui, recebe a Pena Carcerária: é condenado à
desestruturação do seu tempo, no qual, teoricamente,
seria livre, e que deveria ser usado para o seu crescimento intelectual,
artístico, humano.
Temos que ampliar nosso método de trabalho, que tem sido
predominantemente teatral: temos que imaginar um Projeto de Educação
Estética do Oprimido que inclua a ativação
de neurônios sensoriais através do ensino subjuntivo
das artes plásticas -olhar e ver-, e da música -ouvir
e escutar.
O estímulo neurônico que se faz em uma área
cerebral é extensivo a todas as áreas circunvizinhas,
não se restringe apenas àquelas diretamente ativadas:
os acordes de violão desenvolvem potencialidades visuais
e não apenas auditivas. Campeões de xadrez estudam
música clássica para melhor imaginarem criativas estratégias.
Os neurônios do cérebro são as mais importantes
de todo o sistema nervoso e de todas as células humanas,
segundo a hipótese de que, neles, acontece a coexistência
dos sentidos com a razão, das sensações com
o pensamento, do concreto com o abstrato: são dialógicos
e dialéticos. São neurônios estéticos,
no sentido de que a percepção estética incorpora
a razão e a emoção, e não apenas as
sensações! (13)
Da mesma forma que o esporte expande as possibilidades do corpo,
a Arte expande as do espírito.
As sementes deste Projeto Estético já estão
no próprio Arsenal do Teatro do Oprimido -as Técnicas
e os Jogos de Imagem já são Artes Plásticas-
falta extrapolá-las para a obra de arte concreta; as Técnicas
e os Jogos de Ritmos já são música -falta transformá-los
em canções e sinfonias; as improvisações
já produzem literatura: falta concretizá-la em poemas
e narrativas.
Atenção: não se trata de ensinar Solfejo
e Canto Orfeônico aos jovens, nem obrigá-los, empertigados,
a cantar a segunda parte do Hino Nacional, como fui eu martirizado
na minha infância, mas sim de desenvolver a musicalidade que
já possuem. Não se trata de organizar um Curso Supletivo
de Arte que venha remediar carências da infância. Não
se trata de ensinar desenho, cor e traço para que desenhem
estátuas gregas ou modelos nus, como na Faculdade, mas sim
de ajudá-los a ampliar suas próprias sensibilidades,
suas já existentes tendências e embrionários
conhecimentos (14).
Buscamos o Belo, como qualquer artista. O Belo de Hegel: o luzir
da verdade através dos meios sensoriais. A verdade que se
esconde atrás das aparências. Buscamos a Cultura, não
só para compreender e fruir a Cultura alheia -isto é,
a Erudição, que é o conhecimento de outras
Culturas!- mas sim para desenvolver a nossa própria Cultura.
Buscamos o Belo que se esconde no coração de cada
cidadão, pois cada cidadão é um artista.
É importante para todos os jovens -em conflito com a lei
ou em sadia convivência- o conhecimento da cultura de outros
povos e de outras épocas, ou de estruturas artísticas
completas e bem acabadas, mesmo quando muito afastadas de si. Moças
e moços de uma comunidade pobre que aprendam a dançar
Valsa com rigor austríaco ou Minueto com elegância
francesa, algo aprendem e são esteticamente estimulados,
mesmo que a "nobreza e o equilíbrio dos movimentos"
(15) desta dança nada
tenham a ver com as suas vidas cotidianas. Se, fielmente, encenam
uma peça de Molière ou, com igual fidelidade, tocam
um Noturno de Chopin, claro que isso só poderá ampliar
os horizontes da sua percepção -esse aprendizado é
maravilhoso.
Temos que compreender, no entanto, que nenhuma estrutura de dança,
música ou teatro é inocente ou vazia: todas contém
uma visão do mundo que, através da forma artística,
é assimilada e incorporada por quem as pratica.
Camponeses europeus não dançavam Valsas nem Minuetos,
que só eram compatíveis com o lazer dos ricos. É
ótimo que saibamos dançar Minuetos e Valsas, e melhor
ainda que descubramos a dança que o nosso corpo é
capaz de criar (16).
Se não criarmos a nossa própria cultura seremos
obedientes e servis a outras culturas. Se criarmos a nossa, as outras
culturas só poderão alargar o nosso conhecimento e
a nossa sensibilidade.
Tudo é uma questão de equilíbrio e de personalidade.
O fato de ser quem sou -se sei quem sou!- não me impede de
admirar quem são os outros, e o que fazem. Se não
sei quem sou... serei cópia.
A Educação Estética do Oprimido é
uma proposta que trata de ajudar esses jovens -ou adultos- a descobrir
a Arte descobrindo a sua arte e, nela, se descobrindo; a descobrir
o mundo descobrindo o seu mundo e, nele, se descobrindo.
O teatro, usualmente, conjuga a realidade no tempo Presente do
Modo Indicativo -"Eu faço!" A TV, no Modo Imperativo:
-"Faça!" No Teatro do Oprimido, a realidade é
conjugada no Modo Subjuntivo, em dois tempos: no tempo Pretérito
Imperfeito -"...se eu fizesse?" -ou Futuro- "...se
eu fizer?" No trabalho com os jovens, mais do que nunca, temos
que ser Subjuntivos. Tudo será "se".
Subjuntivo -eis a palavra! O Teatro Subjuntivo -já na própria
construção dos Modelos (17)
que prepara o Teatro Fórum (que já é, por natureza,
subjuntivo ao propor alternativas) -deve ser acompanhado pelo Teatro
Legislativo (18) para que se
extrapolem em leis, ações gerais ou atos localizados,
as conclusões e os conhecimentos adquiridos durante o trabalho
teatral.
O Teatro Subjuntivo é a extensão -à própria
construção do Modelo- da dúvida, da comparação,
da pluralidade de possibilidades de vida e de sociedade, da variedade
de comportamentos e de caracterizações psicológicas.
É necessário ajudar os jovens a que construam, esteticamente,
o mundo ético no qual vivem e a criarem imagens que o corporifiquem,
para que possamos melhor entendê-lo e, depois, deixando-o
cuidadosamente de lado, construir -sempre com esses mesmos jovens
e não em lugar deles- outros mundos éticos Subjuntivos
-"... e se?"- procurando igualmente entendê-los
e compará-los com o triste mundo real onde habitam.
O Teatro Subjuntivo subjuntivisa todo o processo teatral e não
apenas o Fórum.
Vamos, sim, encontrar obstáculos. Um deles -e não
o menor- consiste no fato de que é essencial, ao Método
do Teatro do Oprimido, a busca serena, sem pressa e sem atropelos:
para nós, é importante que cada pessoa amadureça
seguindo o seu próprio ritmo, segundo suas próprias
possibilidades, necessidades e desejos. Não temos uma política
de resultados que quantifique, sistematize e enumere conquistas
e transformações pessoais e sociais. Não temos
uma política de eventos, a não ser circunstanciais
e como apêndices do nosso verdadeiro trabalho.
Por outro lado, é natural que os patrocinadores de qualquer
projeto cultural queiram ver resultados em curto prazo, quantificá-los
de forma objetiva, se possível em números, para avaliarem
melhor a relação custo-benefício. Isto, tanto
acontece com o financiamento governamental, como quando os projetos
são patrocinados pela iniciativa privada.
Pelo terceiro lado, nossa indignação com as precárias
condições que temos observado nos educandários
nos incita a tentar uma ação rápida, urgente,
direta. Queremos mudar tudo, já! Intervenção
Shazan!
Infelizmente, não somos Super-Homens nem Mulheres-Maravilha
capazes de resolver todos os problemas e aplacar todas as ansiedades,
saciando todas as sedes! Que pena... Mas podemos tentar ou, pelo
menos, ir até um pouco além do nosso real poder.
Não é o que dizemos sempre, que todos nós
somos mais e melhores do que pensamos ser? Então?
Sejamos otimistas.
Notas
1. "El arroyo de la sierra
me complace más que el mar" -("O riacho da montanha
me agrada mais que o mar")- versos de Guantanamera, poema de
José Marti, poeta e revolucionário cubano, herói
da guerra de libertação nacional contra os espanhóis.
Volver
2. Os Conjuntos se referem apenas
à percepção sensorial do mundo e se organizam
em Estruturas ficcionais, imaginárias, que se constituem
através da intervenção da palavra e dos símbolos
-da palavra gramatical, como Léxico mas, sobretudo, como
Sintaxe. Estruturas são Conjuntos de Conjuntos inter-relacionados
por analogia ou complementaridade: Estrutura Moral, Política,
Social, Familiar, Ritual, Comportamental, etc.
As Estruturas se sustentam pelas relações de Poder,
que representam, no campo humano e animal, o mesmo papel das forças
do universo (gravitacional, eletromagnética, etc.) Todas
as relações humanas são estruturadas pelas
relações de Poder em suas variadas formas -políticas,
sociais, psicológicas, culturais, carismáticas, sexuais,
etc.- que determinam valores. Volver
3. Crátilo: discípulo
de Heráclito, filósofo grego pré-socrático,
século V-VI AC, que dizia que ninguém pode entrar
no mesmo rio duas vezes porque, na segunda, já serão
outras águas que por ele estarão passando, já
não será o mesmo rio. Crátilo extremava Heráclito,
dizendo que ninguém pode atravessar o mesmo rio sequer uma
única vez, pois que as águas estarão sempre
em movimento: em que água estará entrando?
Eu extremo Crátilo: quem sou eu, aquele que atravessa?
Volver
4. Os significados dos significantes
(que são as palavras), são menos importantes do que
o significado de significar: quando significo algo a alguém,
além dos significantes (as palavras) que pronuncio, uso meu
rosto, minha voz, meu corpo: este conjunto de significantes integra
o meu significar que não está presente em nenhum dos
elementos que o compõem -apenas no Conjunto de todos eles.
Os Conjuntos possuem qualidades de que suas partes carecem. Volver
5. Ao encontrar o Ser em sua unicidade
-o artista, ao produzir sua obra; o espectador, ao frui-la; ou o
amante, ao amar- defrontam-se com o Infinito. O objeto do amor é
sempre Uno, porém toda Unicidade é um Conjunto, como
veremos mais adiante: aí reside o Infinito, que é
o encontro impossível em que cada Unicidade é um novo
Universo (Nota 9).
Algumas formas dessas estruturas psicológicas genericamente
chamadas de Loucura fazem quase o mesmo: desintegram os Conjuntos
e se perdem, desesperados, na percepção de cada um
dos seres e coisas que o compõem, sem que sejam capazes de
formar novos Conjuntos. Ou formam Conjuntos de autonomia própria,
que não são referenciáveis nem ao real nem
à nossa percepção coletiva. Volver
6. Nessa busca encontra o Uno
ou a maneira Una de criar novos Conjuntos que só o artista
pôde perceber -à moda do louco- mas que podemos todos,
através da sua arte, fruir. E, nela nos encontramos a nós
mesmos, como Fernando Pessoa: "Ninguém a outro ama,
se não que ama o que de si há nele, ou é suposto!"
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7. Da mesma forma que o amor não
é "...imortal, posto que é chama..." (Vinicius
de Moraes) também a fruição da obra de arte
não é a mesma a cada vez que com ela nos encontramos.
Podemos descobri-la a cada vez ou, para sempre, perdê-la.
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8. A árvore não
deve esconder a floresta, como disse o poeta, mas a floresta também
não tem o direito de esconder cada árvore que nela
se perde; nem cada arbusto, nem cada ramo de flores, nem cada pétala
de cada flor. Volver
9. Quando, através do Amor
ou da Arte, penetramos na unicidade de um Ser, penetramos no Infinito.
Seria tolo imaginar que o Infinito seria apenas infinito para fora
e para longe... Se é verdade que o Infinito é, ou
existe, não pode tão-pouco ter limites para dentro:
o Infinito não é apenas Infinito para além
das estrelas e das Galáxias, mas também para dentro
de cada átomo do nosso corpo. O infinitamente grande é
exatamente igual ao infinitamente pequeno. O Infinito destrói
os conceitos de grande e pequeno, longe e perto. Tudo está
muito perto porque tudo é muito longe, e é pequeno
por ser tão grande.
Em cada fio dos meus cabelos existem trilhões de Vias Lácteas
e de Sistemas Planetários, objetos siderais atraídos
por vorazes buracos negros. Não podemos cair no mesmo erro
que Parmênides (515 A.C. - ?), o filósofo grego que
afirmava que o Universo era infinito em todas as direções
e, portanto, teria um ponto de partida, e seria esférico...
Ora, se começava em um ponto determinado e tinha uma forma
precisa -a esfera- seria finito, pois a forma é o limite
do Ser com o Não-Ser e, como sabemos, o Não-Ser não
é... Não é mesmo?
Toda unidade é múltipla, em todos os sentidos e
em todas as direções -isso é o Infinito. Os
Conjuntos conjugam Unicidades mas cada Unicidade é um Conjunto:
cada á-tomo (o in-divisível) divide-se em prótons,
nêutrons, elétrons, etc. Cada próton... O Infinito
é a vertigem do pensamento! Volver
10. A extrema delicadeza e a
complexidade das células chamadas neurônios obrigou
a Natureza a fazer uma exceção curiosa: todos os demais
ossos do nosso corpo estão dentro do próprio corpo
e lhe dão sustentabilidade; na cabeça, porém,
a ossatura envolve o cérebro e lhe dá proteção.
Alguma coisa de muito importante deve haver lá dentro. Volver
11. Instituição
do governo estadual que, no Rio de Janeiro, se ocupa de fazer cumprir
as determinações judiciais referentes a indivíduos
menores de 18 anos em conflito com a lei. Volver
12. Um funcionário,
quando aplica castigos corporais aos jovens, como costuma acontecer,
viola o mesmo Código Penal que esses jovens violaram, viola
a Declaração Universal dos Direitos Humanos e a Constituição
do país, que não permitem castigos corporais, cruéis
ou degradantes: aqueles que assim se degradam -degradando, ofendendo
física e moralmente aqueles a quem devia proteger- que autoridade
podem ter para exercerem a sua autoridade? Volver
13. Os neurônios que me
permitem mover o dedão do pé, esses são bem
mais simples. Lula perdeu o dedo mindinho da mão esquerda
mas foi eleito Presidente da República, e passa bem; Roosevelt,
já presidente, perdeu a capacidade motora de suas pernas,
mas continuou dirigindo o seu país; o cientista Stephen Hawking,
mesmo totalmente imobilizado em uma cadeira de rodas, continua escrevendo
seus livros. Mas, se algum deles tivesse perdido um pedacinho de
cérebro, como alguns presidentes famosos que nós conhecemos,
o mundo estaria a beira de uma catástrofe, como de fato está.
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14. Quando o CTO começou
suas atividades no Rio de Janeiro em 1986, em comunidades pobres,
eram poucas -se é que existiam- as ONGs que se dedicavam
a tarefas similares às nossas: hoje são muitas, e
muitas são as que se dedicam a realizar, nas favelas e nos
morros, programas artísticos semelhantes aos que já
existem para a classe média, onde abundam cursos e estúdios
que dizem preparar atores e bailarinos para a TV, vídeo e
cinema. São comuns as reportagens jornalísticas sobre
jovens de excepcional talento, revelados nos morros, que vão
fazer carreira nas telenovelas, em geral em papéis de criados,
marginais ou motoristas, ou de jovens bailarinos selecionados para
continuar seus estudos em Nova York e até no Bolshoi de Moscou.
Isso tem acontecido, é ótimo que aconteça,
porém não é nossa função, nem
faz parte dos nossos objetivos.
Essa aplicação mecânica, em comunidades pobres,
dos mesmos programas e métodos que são utilizados
pela classe média e alta, traz no seu bojo a mesma ideologia
competitiva e o mesmo elogio ao mais capaz, ao excepcional: a ideologia
do primeiro lugar, do campeão.
Nossa função, bem ao contrário, é preparar
os participante dos nossos grupos para serem Multiplicadores de
Arte, segundo a nossa máxima de que "Só aprende
quem ensina!", levando em conta que nosso objetivo é
atingir todo o tecido social e não apenas revelar talentos
excepcionais. Volver
15. Definição do
Aurélio. Volver
16. Julián Boal, em seu
ensaio A Dança do Trabalho, cita pesquisadores que mostram
que os movimentos realizados durante o trabalho foram, em muitos
casos, a origem de danças mundialmente conhecidas, como a
claquete, que vem do som dos passos dos escravos norte-americanos,
quando passeavam no chão de madeira das casas dos seus senhores,
calçando sapatos com ruidosas "ferradurinhas",
ou os graciosos movimentos helicoidais das mãos das bailarinas
andaluzas dançando flamenco, originados nos movimentos de
colher os frutos das árvores. Volver
17. Modelo -uma cena ou peça
que serve de base para a discussão teatral, em que os spect-atores
entram em cena, substituindo o protagonista, ensaiam alternativas
à sua situação de opressão, intervêem
com a originalidade do seu pensamento e da sua sensibilidade, e
utilizam o mesmo Espaço Estético (palco, arena, picadeiro,
espaço em uma rua ou praça) que usam os atores, e
a mesma linguagem teatral. A esta forma de debate teatral dá-se
o nome de Teatro-Fórum, uma das partes do teatro do Oprimido.
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18. Teatro Legislativo -forma
do Teatro do Oprimido que busca inscrever na Lei os desejos da população
organizada. Livro de Augusto Boal editado pela Civilização
Brasileira. Volver
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